quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Um pouco mais sobre Endometriose


Já discutimos aqui no blog que a Endometriose é uma doença enigmática, cuja etiologia e fisiopatologia não estão ainda completamente esclarecidas. É caracterizada pela presença de endométrio, camada uterina que se renova mensalmente pela menstruação, em locais fora do útero. Manifesta-se em quatro estágios (mínima, leve, moderada e severa) e não tem cura. A hipótese de que endometriose cause infertilidade é controversa, pois 50% das pacientes com essa doença também são inférteis, mas a outra metade engravida naturalmente.



Volto a esse tema porque a prevalência dessa doença em pacientes inférteis é muito alta. De cada 10, 3 a 4 tem endometriose. A fertilidade nelas está diminuída. O medo de não conseguir engravidar é um tormento. Essas mulheres chegam fragilizadas ao meu consultório, seja pela dor pélvica causada pela endometriose, seja pela dor da ausência do filho. Muitas vezes se sentem sozinhas. Cansadas, entristecidas ou até mesmo deprimidas, exigem de mim mais do que a clínica médica. Exigem um amigo que entenda e seja solidário ao seu sofrimento.


Há muita desinformação sobre a endometriose e um diagnóstico tardio prolonga o sofrimento. O tratamento cirúrgico tem efeitos claramente positivos para aliviar a dor, mas as pesquisas não são conclusivas sobre o efeito em relação à fertilidade. Repito: o fator chave para definir se partiremos ou não para uma cirurgia, para um manejo expectante, para uma inseminação ou para uma fertilização in-vitro deve ser a idade da paciente e o grau da endometriose. (Veja mais aqui).

Sou muito questionado se a endometriose é uma doença da mulher moderna. Primeiro, é preciso informar que as mulheres menstruam mais hoje do que no século passado, pois estão engravidando menos. Antigamente, a mulher tinha cerca de 40 menstruações durante seu período reprodutivo. Hoje, esse número gira em torno de 400. Esse fato pode favorecer o desenvolvimento da endometriose. Sabe-se que há uma maior incidência da doença em populações de cidades com altos níveis de poluentes atmosféricos, o que poderiam inibir o sistema imunológico.

 A mulher portadora de endometriose deve evitar o ganho de peso – fator que piora as dores pélvicas e favorece a produção de hormônios femininos, como a estrona, que em níveis elevados podem agravar a doença. Além disso, uma dieta balanceada, rica em fibras, cereais, proteínas e alimentos vegetais não tratados com agrotóxicos, favorecem o sistema imunológico. Algumas carnes, no entanto, contém hormônios femininos como o estradiol, o que pode ser um elemento de piora da endometriose.

 A atividade física é extremamente benéfica para essa paciente. Libera uma série de substâncias chamadas de endorfinas que tem um efeito vasodilatador e analgésico, exercendo um efeito positivo principalmente nos quadro de dor pélvica. Os exercícios estimulam a imunidade e melhoram a auto-estima da paciente. Por isso, recomendo a sua prática diária.

Precisamos olhar essa paciente em sua integridade: buscando devolver a qualidade de vida que a endometriose tirou. A Medicina ainda precisa encontrar muitas explicações para inúmeros aspectos da endometriose. Lembre-se, você deve ficar atenta a dores que aumentam de intensidade conforme o transcorrer dos ciclos menstruais. Quanto mais cedo se detecta a doença, mais rápido um tratamento adequado poderá ser iniciado.
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